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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

A Ciência da Bondade

A ciência da bondade

  © MHI/ISTOCKPHOTO

Por que as pessoas fazem o bem? A bondade está programada no nosso cérebro ou se desenvolve com a experiência? O psicólogo Dacher Keltner, diretor do Laboratório de Interações Sociais da Universidade da Califórnia, em Berkeley, investiga essas questões por vários ângulos e apresenta resultados surpreendentes. Em seu novo livro Born to be good: the science of a meaningful life (W.W.Norton, 2009, ainda sem tradução em português), Keltner compila descobertas científicas que revelam o poder da emoção humana inata e criam conexões entre as pessoas, segundo ele um caminho eficaz para uma boa vida. Em entrevista, o pesquisador discute altruísmo, neurobiologia e aplicações práticas de suas descobertas.

Mente&Cérebro - Para o senhor, que quer dizer a expressão “nascido para ser bom”?
Dacher Keltner - Significa que a evolução criou uma espécie, os humanos, com inclinação para bondade, brincadeira, generosidade, reverência e autossacrifício - vitais para a evolução, vale dizer, sobrevivência, replicação genética e habilidade de convívio em grupo -, que se manifestam por meio de emoções como compaixão, gratidão, medo, vergonha e felicidade. Estudos recentes revelam que as capacidades humanas de cuidar, brincar e respeitar foram desenvolvidas pelo cérebro e pela prática social.

M&C - Uma das estruturas corporais que parece ter sido adaptada para gerar altruísmo é o nervo vago, como sua equipe em Berkeley descobriu. Fale um pouco sobre essa pesquisa e suas implicações. 
Keltner - O nervo vago é um feixe neural que se origina no topo da espinha dorsal. Ele estimula diferentes órgãos (como coração, pulmão, fígado e aparelho digestivo). Quando ativo, produz uma sensação de expansão confortável no tórax, como quando estamos emocionados com a bondade de alguém ou ouvimos uma bela música. O neurocientista Stephen W. Porges, da Universidade de Illinois em Chicago, há tempos argumenta que essa região cerebral é o “nervo da compaixão”. Acredita-se que esse nervo estimule alguns músculos na cavidade vocal, permitindo a comunicação. Estudos recentes apontam que ele pode estar conectado à rede de receptores para a oxitocina, neurotransmissor relativo à confiança e aos laços maternais. Nossas pesquisas e as de outros cientistas indicam que a ativação dessa região está associada aos sentimentos de cuidado e intuição que humanos de diferentes grupos sociais têm. Pessoas com alta ativação dessa região cerebral são mais propensas a desenvolver compaixão, gratidão, amor e felicidade. A psicóloga Nancy Eisenberg, da Universidade Estadual do Arizona, descobriu que crianças com atividade alta do nervo vago têm mais chances de cooperar e doar. Segundo pesquisas recentes, ele estimula tal comportamento.

M&C - Frequentemente, quando lemos trabalhos acadêmicos sobre emoções, moralidade e áreas relacionadas, perguntamos: existe alguma coisa que possamos fazer para usar isso na prática? Ao olhar para o futuro, que repercussão o senhor gostaria que seu trabalho tivesse?
Keltner - Em resumo, após tratar da nova ciência das emoções no meu livro, percebi o quanto isso é útil. Segundo alguns estudos, cooperação e senso moral são traços evolucionários, e essas habilidades são encontradas nas emoções sobre as quais escrevo. Uma ciência da felicidade está revelando que esses sentimentos podem ser cultivados, o que traz o lado bom dos outros - e o nosso - à tona.

M&C - O que esse tipo de ciência o faz pensar?
Keltner - Ela me traz esperanças para o futuro. Que nossa cultura se torne menos materialista e privilegie satisfações sociais como diversão, toque, felicidade, que do ponto de vista evolucionário são as fontes mais antigas de prazer. Vejo essa nova ciência em quase todas as áreas da vida. Os médicos, por exemplo, hoje recebem treinamento para desenvolver empatia para com seus pacientes, ouvi-los, tocá-los com carinho; são atitudes que ajudam no tratamento. Os professores interagem com mais proximidade com seus alunos. Ensina-se meditação em prisões e em centros de detenção de menores. Executivos aprendem que inteligência emocional e bom relacionamento podem fazer uma empresa prosperar mais do que se ela for focada apenas em lucros.


(Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/artigos/a_ciencia_da_bondade.html)
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Eu trocaria o termo "evolução" por "criação". Acredito que fomos criados por Deus para sermos bons (fomos feitos à imagem e semelhança dEle; E Ele é bom, irrefutavelmente). No meio do caminho veio o pecado, a culpa e a intriga (Adão foi o primeiro a jogar Eva, sua mulher, na maior enrascada. Tirou o dele da reta. Não sei o que Eva esperava de adão, naquele momento, mas ele vacilou feio no quesito cumplicidade. "A culpa foi dela!"). Talvez esta tenha sido a primeira quebra relacional da humanidade. Pena que a partir daí (imagino eu) nossas relações com o outro passaram a ser tão cheias de ansiedades, melindres, resistências, proteções e agressões. 

Temos tanto medo do outro. Medo de sermos rejeitados, humilhados, desconsiderados, ridicularizados, traídos. Nossa reação natural é a proteção. Nos guardamos de nos expôr, de nos entregar, de nos doar. E dificilmente somos nós mesmos (na integra) dentro de nossas relações. O problema é que nossa natureza não lida bem com isso. Nos adaptamos, mas no intimo precisamos mesmo é de carinho. De dar e receber. Precisamos nos mostrar com verdade (temos necessidade disto) e interagirmos com o outro de "guarda baixa". Isto nos dá paz. Por isso que quando encontramos pares que nos possibilitam esta vivência não queremos largá-los nunca mais. Existe coisa mais preciosa do que "poder ser você sem condições" ? Poder mostrar-se, com a maior transparência possivel, sem medo, sem ansiedades e proteções. Para isto fomos criados. Somos absolutamente relacionais. 

Tenho o costume de me cuidar, nesta área. Sou sensível pra caramba e facilmente me decepciono com o nivel de maldade das pessoas (na verdade, acho que me incomoda mais o interesse das pessoas em tirar alguma coisa de você; o interesse de manter contato por você ter algo a oferecer). As pessoas estão tão acostumadas ao uso uns dos outros. É cada vez mais dificil encontrarmos relações despretensiosas, livres de interesses outros, que não sejam o próprio "outro", o prazer da companhia e da relação com o "outro". Sendo o "outro" o principio e o fim; o maior interesse. E quando digo que me cuido, não pense com isso que me protejo. Sou teimosa (rs). Eu insisto em acreditar nas minhas relações (sejam elas quais forem). Confesso que não sou mais tão "docinho" quanto já fui. Sou mais dura, hoje; mais densa; mais áspera. Mas continuo acreditando. Continuo desarmando minha agressividade, minha proteção excessiva. Ainda me entrego. Ainda! (rs)

Cuide-se também. Não se feche tanto. Corra o risco de acreditar no outro. Mesmo sem garantias. Faça isto por você mesmo.

Um viva às pessoas de cabeça boa (que pelo menos tentam mantê-la)!
Um viva ao amor da minha vida (maridão, vc me faz muito feliz)! 
Um viva aos amigos queridos, corajosos e generosos na doação, que me cobrem de afeto, acolhem meus segredos e anseios e por vezes juntam meus cacos. Vocês são únicos. 
Um viva ao grande mistério da vida: amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como nós mesmos.

Bom dia!
Beijo grande.

Um comentário:

  1. Muito interessante! Engraçado foi ouvir em NY de uma grande amiga e pastora a seguinte verdade: "Sabe como vc se torna uma pessoa muito ruim? Treinando! E sabe como vc se torna uma pessoa muito boa? Treinando!" O secredo está em tentar fazer a melhor escolha e treinar sempre a melhor atitute. Uma "postura do bem" contamina (no bom sentido) o nosso entorno. Acredito ser assim mais fácil encontrar a tão sonhada felicidade! Um viva a todos que treinam fazer o bem com entusiasmo todos os dias!!! Bj grande!

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