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terça-feira, 27 de abril de 2010

Nem sempre sou Igual - Alberto Caeiro

Fernando Pessoa, por Alberto Caeiro...


(Fernando Pessoa)


Nem sempre sou igual

Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.

Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem para mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés.
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma ...
(Alberto Caeiro)*
...............

*Alberto Caeiro: é considerado o mestre de todos os heterônimos de Fernando Pessoa. Segundo o seu criador "Nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. Não teve profissão, nem educação quase alguma, só instrução primária; morreram-lhe cedo o pai e a mãe, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia avó. Morreu tuberculoso."

Heterônimos: diz-se de autor que publica um livro sob o nome verdadeiro de outra pessoa.

Os principais heterônimos de Fernando Pessoa são: Alberto Caeiro, nascido em Lisboa em 16 de abril de 1889/ Ricardo Reis, nascido no Porto em 19 de setembro de 1887/ Álvaro de Campos, nascido em Tavira em 15 de outubro de 1890.

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