(Augusto dos Anjos)*
Contrastes
(Augusto dos Anjos)
"A antítese do novo e do obsoleto,
O Amor e a Paz, o ódio e a Carnificina,
O que o homem ama e o que o homem abomina,
Tudo convém para o homem ser completo!
O ângulo obtuso, pois, e o ângulo reto,
Uma feição humana e outra divina
São como a eximenina e a endimenina
Que servem ambas para o mesmo feto!
Eu sei tudo isto mais do que o Eclesiastes!
Por justaposição destes contrastes,
junta-se um hemisfério a outro hemisfério,
As alegrias juntam-se as tristezas,
E o carpinteiro que fabrica as mesas
Faz também os caixões do cemitério!..."
*Augusto dos Anjos: poeta brasileiro, nascido no estado da Paraíba. Foi alfabetizado pelo pai. Poeta precoce, compôs os primeiros versos aos sete anos de idade. Sua poesia é marcada pela melancolia. Identificado pelos críticos, como pré-moderno, morreu de pneumonia aos 30 anos. Se estivesse vivo, completaria hoje 126 anos de idade.
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