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terça-feira, 20 de abril de 2010

Tudo convém para o Homem ser Completo

(Augusto dos Anjos)*

Contrastes
(Augusto dos Anjos)

 

"A antítese do novo e do obsoleto,

O Amor e a Paz, o ódio e a Carnificina,

O que o homem ama e o que o homem abomina,

Tudo convém para o homem ser completo!

 

O ângulo obtuso, pois, e o ângulo reto,

Uma feição humana e outra divina

São como a eximenina e a endimenina

Que servem ambas para o mesmo feto!

  

Eu sei tudo isto mais do que o Eclesiastes!

Por justaposição destes contrastes,

junta-se um hemisfério a outro hemisfério,

  

As alegrias juntam-se as tristezas,

E o carpinteiro que fabrica as mesas

Faz também os caixões do cemitério!..."



*Augusto dos Anjos: poeta brasileiro, nascido no estado da Paraíba. Foi alfabetizado pelo pai. Poeta precoce, compôs os primeiros versos aos sete anos de idade. Sua poesia é marcada pela melancolia. Identificado pelos críticos, como pré-moderno, morreu de pneumonia aos 30 anos. Se estivesse vivo, completaria hoje 126 anos de idade.

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