Diariamente
(Monique Desiderio)
Todos os dias eles estão lá.
Todos os dias.
Eu os vejo, mas penso que seria melhor não notá-los.
E finjo não ver.
Enquanto me guardo no cinismo de quem não se importa.
O pior é que me importo.
E fodam-se as políticas públicas,
De um governo que merecia tomar no cú de hora em hora.
E fodam-se os carmas, destinos e predestinações.
A fome bate hoje.
O frio, a sede e o abandono também.
Não esperam a próxima vida.
Cheiram mal. Todos.
Eles, por falta de banho, sabonete, casa.
Ferida social necrosada (pena não poder amputar!)
A África é aqui!
Todos os dias eles estão lá.
Todos os dias.
ó, vc é boa nisso mesmo. Adoro ler seu canto. Bjo
ResponderExcluirNa verdade, a gente faz esse espaço junto: eu, vc, os outros amigos que comentam, os que só leem. Cada um do seu jeito. É que nem a casa da gente: o que torna o ambiente agradável (ou não) são as pessoas que estão dentro. Eu me sino muito a vontade aqui e espero que vcs tb.
ResponderExcluirSuas contribuições são sempre muito ricas.
Obrigada pelo carinho de sempre! Mesmo!
Beijo grande.
É. A idéia é sempre esta:espaço. Talvez esse seja o único espaço de criação, em que podemos ser todos "diretores", não atores ou expectadores.
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